O Feio é uma atitude.
O núcleo de leitura do feio é violentamente político.
Quando se decide mostrar o feio quer-se chamar a atenção para ele. E muitas vezes o feio é o lado visível do mau — a miséria, a injustiça, a guerra. Não se nega o belo, mas também não se cala o feio. Não há estratégia de alienação que o afaste; ele é matéria do Real.
O feio é quase literalmente o mau, até porque o feio é a impossibilidade de ser belo, nesse sentido, é o imperfeito, mostra a nossa incompetência para fazer bem. Reconhecemos nele um veículo objectivo do sentir, como se ele estivesse na génese da nossa consciência.
A miséria, a injustiça, a guerra são os passaportes seguros para o sofrimento atroz, que faz de nós uns seres horrivelmente feios.
Desta fealdade coerciva nasce uma fúria em relação ao Real.
Essa fúria do feio é um acto de liberdade!