33 horas a desenhar – Túlia Saldanha + Robert Schad, 1983
Álvaro Rosendo
Goethe-Institut, Lisboa, 13, 14 e 15 de abril de 1983
Conforme o manifesto assinado por Robert Schad (catálogo Túlia Saldanha, ed. Gulbenkian, 2014, pág. 213), «Os desenhos momentâneos, alinhados em mosaico, descrevem uma parte da nossa vida anímica ao permitirem a irrupção de todas as emoções na confrontação antitética da sua total contradição. Nenhum desenho é destruído, nenhum estudo é escamoteado. Fazer é o importante, sendo mais forte a vontade radical que o medo perante as exigências.»
Túlia Saldanha (1930 - 1988) e Rodert Schad (1953 - ) são dois artistas que se cruzaram pelos interesses e pelas vontades artísticas comuns. Após várias experiências bem sucedidas protagonizaram «33 horas a desenhar» durante três dias, com um programa performativo que envolvia as pessoas na rua próxima – o largo lisboeta do Campo dos Mártires da Pátria.
Os passantes, curiosos, eram convidados a desenhar sem «medo» e com o máximo de espontaneidade em companhia dos artistas. Depois a Túlia e o Robert entravam no espaço do Instituto Goethe, «expunham» nas paredes e vitrinas disponíveis, sem censuras ou escolhas, os desenhos produzidos.
Em seguida desenvolviam um «espetáculo» de desenho em comum, formato gigante, que envolvia os próprios corpos aos quais acrescentavam a expressão dos traços que deixavam no suporte. Esta última «atuação» era exclusiva dos dois mas contava com a presença de assistência. As pessoas eram constantemente convidadas a produzir os seus próprios desenhos.