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e
v
e
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Estamos despertando de um longo desmaio. Estamos nos levantando.
Reverencio cada travesti que se levanta
[y as que caem também]
Travestis são os mundos que precisaram morrer
para que aqui estivéssemos
21. Escrevo em legião. Carrego na escrita a História como descontinuidade. Uma reserva de percurso, uma incompletude fabril. Esfacelada e perdida no Tempo. Em transe ininterrupto. Manifestação do inconsciente. Texto desmontável. Imersa no abismo do desconhecido. Porosa. Saberes ocultos. Pensar o solo comum do monstro.
20. No começo desse ano eu fui visitada. Não consegui ver quem me visitava, mas tive uma imersão na desorientação. Precisei escutar os sinais diários que me foram enviados para que dali eu conseguisse retomar a falsa ilusão de eixo central da minha cognição humana. Não sei que horas são. Faz tempo que não sei que horas são. Quando olho o relógio, me referencio no calendário que vocês inventaram para mim. Tento acompanhar a minutagem do mundo de vocês, mas é na desorientação que me guio desde o nascimento da minha carcaça física. Tentaram me patologizar a vida inteira. Eu mesma inseri meu corpo nas metodologias psiquiátricas por não ser mais capaz de acompanhar a medida de tempo de vocês. Todas as noites eu tomo remédio para que eu consiga descansar a mente e não me torne inteiramente a fugidia indesejável.
19. Logos. Logo essa estrutura, tal-como-conhecemos, deixará de existir. É um desejo que tem como ponto de partida a crença em uma radical mutação planetária. Abandonando de vez o altar do crescimento. Criando vidas que realizam um corte no crescimento. Ou para citar aqui Isabelle Stengers, reiventando modos de produção e cooperação que escapem às existências do crescimento e da competição.
O altar do crescimento, ou seja, o altar inaugurado pela manutenção das existências dos nossos responsáveis (para citar outro termo de Stengers) continua a propagar a mudança do equilíbrio termodinâmico global. Enquanto eles constroem seus bankers nos subsolos. Enquanto exploram outras Wilderness. Enquanto compram lotes em Marte. A corrida espacial já começou.
18. Sonhei com uma rádio-pirata que ataca transmissões do governo de Donald Trump como o ataque troll da comunicação de terça pela tarde. Como hackear os bots de Jair Bolsonaro? Como revertê-los? Como utilizar a política dos dados das empresas Google e Facebook de modo virulento? Como elaborar o contra-ataque entendendo que estamos envolvidas em uma guerra planetária?
17. É preciso nomear os nossos responsáveis. Superaquecimento do clima. Incêndios florestais. Seca. Furacões. Desmatamento. Desertificação. Derretimento das calotas polares. Migração de refugiados climáticos. Aumento do nível do mar. Desaparecimento de ilhas e cidades costeiras. Extinção de outras espécies. Construção de megaestruturas arquitetônicas que barram o vento na cidade de Fortaleza. Confortos ontológicos. Agropecuária. Especulação imobiliária. Indústria da moda. Consumo desenfreado. Indústria pesqueira. Indústria automobilística. Extração dos combustíveis fósseis. Vazamento de óleos nos oceanos. Negacionistas climáticos. Defensores do crescimento econômico. Mariana. Brumadinho. Hiroshima. Nagasaki. Chernobyl. Belo Monte. Metano no Ártico.
16. Respostas em conjunto com a Terra. Preservação geofísica da memória. Fabricação corpórea. Consciência das camadas de delírio ficcionalizadas pelos nossos responsáveis. Encontrar a porta de saída das camadas de delírio ficcionalizadas pelos nossos responsáveis. Descentralização. Redistribuição. Reencontrar potência na localidade. Maneiras contra-hegemônicas de habitação do planeta.
15. Transição de terráquea para terrana. Pensar a construção milimétrica do movimento e da gestualidade que vocês me repassaram. Entender que há vida em cada mínima fração de tempo. Na localidade do presente. No respiro profundo dos milésimos de segundos. Pensar a permanência em resposta à aceleração. Novos formatos organizacionais. Despedaçar a ordem do corpo. Alteração de rota. Inventar um corpo para si. Inventar um nome para si. Reposicionar. Deslocar o que antes era fixo e rígido. Amolecer a neca ereta da civilização. Um corte no pau duro da ontologia limitada do macho civilizado. Desviar dos dispositivos de captura, minuto a minuto, segundo a segundo. Buscar outras maneiras de comunicação. Exercitar a telepatia, como sugere Jota Mombaça e Michelle Mattiuzzi. Desligar-se da matriz antropocêntrica de pensamento. Vida como processo. Novas lógicas de construção de sentido. Capacidades desconhecidas. Nos injetarmos nas veias do Cistema. Receber o repasse Terrano.
14. O BRASIL É O PAÍS QUE MAIS MATA AMBIENTALISTAS E TRANSSEXUAIS NO MUNDO.
O BRASIL É O PAÍS QUE MAIS MATA AMBIENTALISTAS E TRANSSEXUAIS NO MUNDO.
13. Quando a película de anestesiamento se rompe, outros olhares surgem. É impossível olhar pro mundo da mesma maneira. Algo nos é revelado. Uma rede que se alastre como um vírus. Criar essa rede é uma das maneiras, um dos possíveis, uma das formas. Sair do cansaço. Buscar sair do cansaço. Redes de ventilação das ideias. Fazer desmoronar as certezas. Entender a dimensão de caos na alteridade. Aceitar o fim do mundo tal como conhecemos.
Somos capazes de viver de uma maneira diferente. Pessimismo ativo. Redes de fortalecimento. Inventar zonas de diálogo. Conseguir acordar. Conseguir reagir.
12. Onde vocês estão? Como vocês estão? Está tranquilo onde vocês estão?
11. Olhar não hegemônico. Zonas intangíveis do sensível. Deslocamento perceptivo. Pele sensível da Terra. Desdramatizar o humano. Logos é ruído. Terra gasta. Terra devastada. A Terra como dimensão política fundamental. Poderes mentais extracerebrais. Expressividade improvisacional do instinto. A autonomia autoexpressiva da atividade vital. Redobramento metacomunicacional. Cidade para as pessoas. Viver em escuta. Exercitar o silêncio e a escuta. Fechar os olhos. Descansar os olhos.
10. Exercício de escoamento dos excessos. Construção pelos sentidos. Cosmopolítica. Despertar dos sonambulismos disciplinares-institucionais. Texto trickster. O acordar do sonâmbulo. A ciência dançante. Dançar o risco. Arriscar-se na experimentação. Suspense experimental. Para Isabelle Stengers, uma ciência triste é aquela em que não se dança. Escrita em transe.
9. Repensar a temporalidade vigente. «Brincar de desfazer certas ordens cristalizadas no espelho do Tempo.» Desarticulação dos quadros espaciotemporais da história. Tempos desarticulados. Tempos desconectados. Tempos outros. Tempos construídos. Manipulação e invenção de tempos. Possibilidades libertas da obrigação do ter que fazer sentido. Ou ter que significar alguma coisa. Tempo do sonho. Localizando-se em outra dimensão temporal contra o tempo veloz das sociedades modernas. Experiência que nasce do espanto, do assombro. Estranhamentos cognitivos. Da ordem do sensível. Da ordem do sensorial. Do que não se explica. Do que as palavras não podem dar conta. Rita Natálio escreve a partir de Ailton Krenak: «como um rio em coma que mergulha mais fundo na terra para escapar à poluição na superfície, a possibilidade de continuar a pensar implica encontrar formas de continuar a correr, como um rio, e desenvolver afinidades/alianças com outros agentes, como a terra. Como um rio fugitivo próximo da morte, a diferença entre alterpolítica e antipolítica seria precisamente a possibilidade de continuar a pensar/imaginar e desenvolver conexões entre seres, nomeadamente não humanos. A descrição de Krenak parece assim vincular a luta indígena ao não humano, à possibilidade de dissolver a linguagem e experimentar uma ação-pensamento impessoal.»
8. Tive uma noite em que tudo me foi revelado. Como posso falar de novo? Não nos foi dado papel principal no drama cósmico. Estavam todos lá, cada um deles. Sabiam meu nome. Enquanto eu escapava feito um besouro ao longo das costas de suas cadeiras. Um instante de claridade antes da noite eterna. Isso está se tornando minha normalidade. Esse não é o mundo em que eu desejo viver. Eu me afogarei na disforia da lagoa negra e fria de mim mesmo. O poço da minha mente imaterial. Eu não devo falar mais. Alcancei o fim desse conto sombrio e repugnante. Um sentimento internado em uma carcaça alienígena. Estou morta há muito tempo. Afogando num mar de lógica. Esse monstruoso estado de paralisia. Eu vou morrer. Uma morte subintencional. Talvez isso me salve. Talvez isso me mate. Sobreviver é a salvação. Viver não existe. Dormir: um medo cíclico. Não é a lua, é a terra. Há um trabalho cósmico a ser feito. Eles me querem ocupada e distraída. Não lhes importa como. Com minha atenção errada e minha tolice grave, eu poderia atrapalhar o que está se fazendo através de mim. Eu própria. Eu propriamente dita. O que me revela que talvez eu seja um agente. Eles tiveram mesmo que me deixar adivinhar. Fizeram-me esquecer do que me deixaram adivinhar. Sou um instrumento do trabalho deles. Já me foi dado muito. Eles me concederam tudo. Outros agentes muito superiores a mim também trabalharam apenas (ruídos que impossibilitam a fala, a mulher parece estar sufocando) apenas para o que sabiam (...) pouquíssimas instruções (...) já me foi dado muito. «Falai, falai», instruíram-me eles. Não nos foi dado papel principal no drama cósmico. Estou tão cansada. Diante de minha adoração possessiva eu poderia retrair-me e nunca mais voltar. Talvez, uma vez, ele ainda se locomova do espaço até essa janela que desde sempre esteve aberta e baixe no nosso edifício, iluminando-o.
7. A experimentação é o rompimento da pele. É o retirar da pele. Ou a pele descamada para o surgimento de outra. Talvez ainda a pele com múltiplas texturas. Com escamas. Com fluidos. Terrestre. Marítima. Aérea. Com possibilidades de voo. Com possibilidade de saltos. Desenvolver as paranormalidades.
6. ELES JÁ TINHAM ESSE PROJETO FAZ TEMPO E, ME ARRISCO A DIZER, ESSE PROJETO DE HUMANIDADE FOI CONSTRUÍDO GRADUALMENTE, DE MANEIRA QUASE IMPERCEPTÍVEL. OBVIAMENTE, OS MAIS ATENTOS ALERTARAM. EM CADA ÉPOCA HOUVE APELOS PARA QUE ACORDÁSSEMOS E PARA QUE ALTERÁSSEMOS OS NOSSOS MODOS DE VIDA. INFELIZMENTE OS AVISOS FORAM INSUFICIENTES. OS ESFORÇOS DOS ATENTOS NÃO SURTIRAM EFEITOS.
5. ACORDEI ASSUSTADA NAQUELA NOITE. EU REALMENTE NÃO ESTOU PREPARADA PARA CONTAR TUDO O QUE VIVI NAQUELE SONHO. SONHEI COM DOIS CORPOS QUE BUSCAVAM FORMAS DE SOBREVIVER A UMA CATÁSTROFE. NO MOMENTO QUE UMA AMEAÇA SURGIU E DIZIMOU PARCELAS DA POPULAÇÃO TERRESTRE. FOI TERRÍVEL ACORDAR. LEVEI UM TEMPO PARA ME RECOMPOR. PASSEI ALGUNS DIAS ENVOLTA POR TUDO O QUE VIVI ALI NAQUELE SONHO. TENTEI ME CONVENCER DE QUE HAVIA SIDO APENAS UM SONHO, MAS COMECEI A PERCEBER QUE O QUE VIVI ESTAVA EM TUDO, ERA REAL. ELES JÁ TINHAM CHEGADO, JÁ ESTAVAM POR AÍ. TUDO ESTAVA CAPTURADO. O QUE VIVI NAQUELE SONHO FOI UMA ESPÉCIE DE REVELAÇÃO. DEPOIS DAQUELE SONHO NÃO PUDE VOLTAR A SER O QUE ERA. HOUVE ALI UMA ESPÉCIE DE REPOSICIONAMENTO EXISTENCIAL. ELES NÃO ESTÃO INTERESSADOS NO DESLOCAMENTO DOS MODOS DE VER. SÓ INTERESSA A ELES A DESTRUIÇÃO DE TUDO O QUE PODE NOS SALVAR. ELES FUNDARAM ESSA ÉPOCA EM QUE NADA MAIS ESTÁ GARANTIDO. ESQUECERAM DE ONDE VIEMOS E DOS QUE VIERAM ANTES DE NÓS. EU PRECISO ESPALHAR ESSA MENSAGEM. NÓS NÃO ESTAMOS SEGUROS AQUI. NÃO HÁ COMO ESCAPAR DA TERRA.
4. HIROSHIMA. NAGASAKI. ACIDENTE NUCLEAR EM CHERNOBYL. LIXOS
TÓXICOS DO LOVE CANAL. VAZAMENTO DE AGROTÓXICOS EM BHOPAL.
CLORETO DE CÉSIO-137 EM GOIÂNIA. ACIDENTE NUCLEAR DE FUKUSHIMA. DERRAMAMENTO DE ÓLEO NO GOLFO DO MÉXICO. QUEIMA DE ÓLEO NO GOLFO PÉRSICO. DERRAMAMENTOS DOS NAVIOS EXXON VALDEZ E PRESTIGE. DRENAGEM DOS PÂNTANOS MESOPOTÂMICOS E DESERTIFICAÇÃO DO MAR DE ARAL. DERRAME TÓXICO DE ALUMÍNIO EM AJKA. EUTROFIZAÇÃO DA LAGOA DE ARARUAMA. VAZAMENTO DE ÓLEO NA BAÍA DE GUANABARA. VAZAMENTO DE ÓLEO NA BACIA DE CAMPOS. ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE MARIANA E BRUMADINHO. TENTATIVA DE DESMONTE DAS DUNAS DA SABIAGUABA.
3. Possíveis armas terranas: Performatividade da tática defensiva «Black Bloc» dos movimentos de protesto altermundialistas. Sistemas de parentesco e mapas totêmicos dos aborígenes australianos. Organizações horizontais. Novas formas de produção de subjetividades. Circulação, mobilização e comunicação criadas pelas Internet. Organizações de guarda e troca de sementes e cultivares tradicionais em várias zonas de resistência camponesa pelo mundo afora. Eficientes sistemas de transferência financeira extrabancários do tipo Hawala. Arboricultura diferencial dos indígenas amazônicos. Navegação estelar polinésia. «Agricultores experimentadores» do semiárido brasileiro. Inovações hipercontemporâneas como o movimento das ecovilas. Psicopolítica do tecnoxamanismo. Economias descentralizadas das moedas comunitárias, do bitcoin e do crowdfunding. Permacultura. Intervenções artísticas que estejam dispostas a romper a barreira arte/vida e agir diretamente na estrutura, modificando-a e minando-a. Ocupações de prédios desativados e abandonados. Criação de comunas. Hackers engajados. Movimentos sociais. Criação de uma peça de teatro com 500 pessoas. Preparação para as guerras por vir e as já instauradas, criando maneiras sigilosas de treinamento e aprofundamento de táticas de defesa e ataque. Bioterrorismo de gênero. Experimentos políticos tais como a criação de casas coletivas e coletivos anárquicos de resistência. Sonhares aborígenes.
11. Firma-se como uma maneira de sobreviver ao apocalipse. Ao anestesiamento. A essa paralisia. Essa claustrofobia. Essa hipocondria. Eu sinto que devo habitar essa zona de risco. Habitar o contexto da zona de risco. Dessa zona dos que não buscam uma assimilação. Que não busca a beleza. Que não busca a harmonia. Porque a harmonia tal qual nos foi ensinada precisa ser questionada, ela precisa ser calculada. É através do artifício. É a fabricação do artifício. O artifício como prótese. O artifício como luta política. O artifício como alquimia. É na alquimia que me encontro hoje. Sinto que sou dona da minha vida. Sinto que posso sentir de outra maneira o espaço. A vivência do meu corpo no espaço. A forma como eu me coloco no espaço. Isso tudo faz parte desse movimento porque é esse movimento que eu faço. Esse movimento que eu produzo. Eu produzo o artifício. Eu sou produtora de mim mesma.
2. Os olhares. Tento esconder a minha pele descamada. Tenho medo que desconfiem. Medo que desconfiem que carrego um ovo dentro de mim. E enquanto o ovo se expande, sinto dores. O ovo pesa e sinto dores cada vez maiores enquanto ele cresce e rasga as paredes do meu intestino. Ele queima e sinto que aprendo novas capacidades que antes não sabia ter. É como se um mundo totalmente novo me fosse revelado. Percebo que não havia existido até então. Não completamente. Uma aura de morte sempre presente pairava no teto, acima da minha cabeça, do meu corpo. A aura de morte continua aqui comigo, mas resolvi enfrentá-la. Eu, através das torções consideradas diabólicas, espremi meus músculos para suportar as dores causadas pelo crescimento do ovo. Tento esconder os sintomas, tento me esconder das pessoas ao meu redor, mas sinto que já não consigo mais, pois a transformação metamórfica já se iniciou e minhas escamas já começam a ficar visíveis. Eu estaria então me transformando em um monstro?
1. Desvio de uma história única. Uma paisagem anterior ao pré-existente de si. Como montar estratégias poéticas de resistência? É necessário trabalhar o sensível como uma máquina de guerra. Pensando a partir de uma anatomia do político e da copresença de temporalidades heterogêneas. Uma anacronia. Como criar uma zona de indiscernibilidade onde o trânsito entre terráqueo e terrano seria possível? Como seria possível inventar espaços de subversão ou trânsito, fendas ou desvios, infiltrações e cavidades submersas?
Queremos uma nova organização
que proponha um impedimento, uma quebra,
uma fissura, uma rachadura que mobilize outras
possibilidades de desfecho. Falamos aqui do
olho do furacão. Da boca do tornado. De dentro
de um dos milhares buracos negros do universo.
Sabemos que todos os esforços estão sendo
feitos para que as nossas existências sejam
mutiladas e apagadas. Esforços esses que
intencionam agir para que o trajeto planetário
desemboque em um fim onde os terráqueos
continuarão sendo os herdeiros desse mundo.
Nós não compactuamos com esse desfecho.
É preciso reconhecer que
estamos em uma guerra, entender contra
quem estamos nessa guerra e de que lado
estamos nessa guerra, realizando então uma
recusa do presente agenciamento cosmopolítico
instaurado pelos Modernos.
A guerra planetária é o meteoro. A guerra
planetária é o meteoro que expande os
limites do pensamento terráqueo. A guerra
planetária é o meteoro que teve início com o
massacre de tudo o que não se encaixou no
perfil do que se entendia por terráqueo. A
GUERRA PLANETÁRIA É A NOVA FORMA DE
GOVERNAR!
O antigo ideal de fuga do planeta Terra
fracassou. Não haverá colônias humanas em
outros planetas.
Uma amiga me disse que se perdeu dirigindo o carro no primeiro dia da quarentena. Aprendi com ela que não seria possível abandonar de uma vez os caminhos já conhecidos. Seria necessário fazer um combo. Para não adentrar de vez a desorientação. Ela me disse que eles estavam trabalhando, os agentes superiores. E o trabalho deles nos estava sendo revelado. Houve uma
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noite em que tudo me foi revelado. Como posso falar de novo? Não nos foi dado papel principal no drama cósmico. Estavam todos lá, cada um deles, sabiam meu nome. Enquanto eu escapava feito um besouro ao longo das costas de suas cadeiras. Noite eterna. Que venha a noite eterna. Que aprendamos a lidar com o escuro. Com a sombra.
Como um alerta permanente dissolvido em célula psicodélica e alucinógena. Imersa na descontinuidade, enfrentando a imposição de uma linearidade histórica. Clamamos por uma dissolução das dominâncias. Investida contra-hegemônica. Por um deslocamento dos eixos habituais da História. Fabricando uma alavanca de deslocamento desse conglomerado heterogêneo, nesse submundo degradado por uma inarticulada coleta, por uma tendência autodestruidora que acessa o demônio íntimo de cada um.