Como escapar aos formatos e às convenções a que nos submetemos? Como nos podemos esquivar à formatação, a imagens canónicas, a formas estabelecidas de escrita, a modelos sobre-expostos de produção artística e de conhecimento? Como reinterpretar a norma, ampliar e investigar formas de ver, encontrar novos significados para os objectos, novos sentidos para a realidade quotidiana, negando pressupostos dominantes, subvertendo tendências, classificações, tipologias, medidas, formas estandardizadas e instituídas de agir?
Entre as muitas possibilidades em aberto queremos aqui expressar inquietudes, desestabilizar padrões, redefinir possibilidades e limites dos nossos modelos indo ao encontro do interesse fundamental do nosso projecto: experimentar outros formatos.
O processo de experimentação tem sido central para esta revista que se quer aberta, flexível e em contínua transformação, feita em contacto com artistas e criadores.
Deixando margem à investigação e à aproximação crítica dos limites e imaginários dominantes, nesta edição apontamos para propostas que não encaixam e divergem daquilo que se espera e do que costuma fazer-se. Cabem aqui palavras, imagens, objectos que não são «normais», seja pelo tamanho ou pela forma, projectos e ideias que podem até não ser absolutamente originais mas que são inesperados, implausíveis, desconformes ou inadequados.
Sandra Vieira Jürgens