Autor em residência
23.11.2015
Lista de materiais para a aniquilação do homem tangível
Bruno Humberto
1. Afundar o medo e cantar ainda assim o fundo.
2. Interpretar exaustivamente as nuvens.
3. Planear espectáculos nocturnos para um público diurno ou para quem permanecer acordado, por dentro e na lenta exaustão da noite.
4. Concentrar o fogo num único sítio, ainda que os amigos se possam sentar à volta ou paralelamente com os seus próprios fogos, à distância de uma braçada. Isso. Isso mesmo.
5. Dizer mar com boca fechada.
6. Intangível com boca estômago.
7. Arranjar um barco pequeno onde caibamos todos.
8. Remar adentro.
(pausa)
A distracção acabou-se.
O circo,
quando deixa o campo,
não deixa marcas no chão.
–
Imagem: Bruno Humberto, «Em toda a parte», 2015
Bruno Humberto – Estudou e lecionou no mestrado de Performance Making, na Goldsmiths College, em Londres. Autor e encenador de The Camus Incident (performance site-specific finalista do Oxford Samuel Beckett Theatre Trust Award), o solo Holding Nothing , a peça no tecido urbano Land, A Morte da Audiência, Carbo , Peças , entre outros. Colaborou com as coreógrafas Charlotte Spencer, Yael Karavan, Vânia Rovisco, com os artistas Graeme Miller, Gustavo Ciríaco, Allard van Hoorn, entre outros. Em colaboração com o escritor e dramaturgo Rui de Almeida Paiva, fez a peça de teatro imersivo O Sequestro (2018), A Vila (2019), A Interrupção (pausa para intervalos) (2020) e Peça para Intervalos (2021). Colabora na edição da revista de arte contemporânea Wrong Wrong e faz curadoria de performance, fotografia e instalação. A exposição Acts of Disappearance , premiada pelo Parallel award, foi apresentada, entre outros, na edição 2019 do Photo London. Mais recentemente, com Franek Ammer, fez a curadoria da exposição THE HAPPY DEATH OF IMAGES (2022) no Fotofestiwal, Polónia. Humberto tem ainda um projeto de música experimental a solo e faz parte das bandas CATARATA e Orchestra Elastique. Mais info: www.brunohumberto.com
partilhar
facebook · twitter