Entrevista com Viktor Laurentis via sms
Viktor: Comecemos pelo título, «EDIT»?
MUMTAZZ: Sim, de editing, edição, assemblage, é uma bela palavra, EDIT, também pela minha amiga Edith.
V: É sempre pessoal?
M: Também, pelo menos tem sido assim até agora.
V: O que há de especial na colagem? O que te faz voltar sempre a esta técnica?
M: É o cinema. Um filme num frame. Um filme feito de filmes.
V: E tu és a editora?
M: Sim e não. A colagem é um meio previligiado para se experimentar a magia a operar.
V: Referes-te à expressão do subconsciente?
M: Se quiseres, ou do sobreconsciente, quando nos descolamos do papel de fazedores e nos sentamos no trono da contemplação.
V: Ohhh soa pomposo…
M: Sim tem pompa e pluma, mas este «descolar» pode acontecer enquanto lavas a loiça, passeias o cão ou passas um cheque sem cobertura.
V: Então porquê fazer colagem?
M: Há actividades que são especialmente catalisadoras. Tudo aquilo que fazíamos antes de entrar na escola: dançar, pintar, cantar... oh e escrever também.
V: Para mim as colagens são poemas visuais.
M: O processo de as fazer é muito próximo da poesia. A forma como as imagens procuram outra leitura, outro sentido. Por vezes há uma chave que encontra a sua porta e há um clik, um «descolamento», um ahhh.
V: Por isso é um meio tão querido para os surrealistas.
M: Sim, e para todos os que querem encontrar algo fora da sua racionalidade.
V: Como seleccionas neste mar de imagens?
M: Ah, de todas as formas, pela qualidade plástica, pelo conteúdo, pela cor, por tudo… E há o gozo da colaboração, aquele fotógrafo, aquele modelo, pessoas, objectos, lugares, momentos.
É um Surf num material passado que ainda não foi feito.