Este corpo de fotografias aconteceu do encontro entre o movimento de uma viagem e as sombras da história da República Dominicana.
Para além do turismo, a cara-metade do Haiti, guarda segredos.
E por vezes, assaltam-nos, como um coro antigo.
Em movimento, conseguimos aceder a um lugar?
Ao olhar, o que é que vemos, na vertigem impossível dos outros?
As cicatrizes irrompem e procuramos fixar, mas o quê, neste momento tão pouco?
Farol Colombo
Dizem que foi em 1923, nas V Conferências Pan-Americanas que se decretou a construção, por todos os povos da América, de um mausoléu a celebrar a chegada de Cristóvão Colombo.
Em Santo Domingo, a sua primeira cidade. A obra acabou em 1992, para os 500 anos do aniversário desta chegada. 2600 metros quadrados em forma de cruz, 251 faróis de luz.
Dizem que se vê a luz em Porto Rico. E que desvia a electricidade à sua volta.
Banana Canibal
Da estrada vêem-se estranhos campos de bananeiras. Altos troncos decepados passam interminavelmente. As velhas bananeiras, cujas cabeças cortadas não lhes deixam continuar a dar o seu fruto, cada vez mais raro. Para que as pequenas bananeiras plantadas a seus pés aproveitem a doçura dos anos enterrados naquele lugar, e lhes tirem sabor, em jovens bananas, muitas e suculentas.
30 de Mayo
A estrada liga Santo Domingo a San Cristóbal. Foi na noite de 30 de Mayo de 1961, ao kilómetro 9 que uma emboscada metralhou Rafael Leonidas Trujillo, ditador sangrento, o Chibo da Festa.
O carro foi atingido por 60 balas. A estrada hoje chama-se Autopista 30 de Mayo.
De frente para o mar das Caraíbas.
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Aos Crocodilos é um projecto fotográfico, com exposição e edição prevista para 2017. © Madalena Miranda