A narrativa do risco é uma narrativa da ironia. Esta narrativa lida com a sátira involuntária, a futilidade otimista, com a qual as instituições altamente desenvolvidas da sociedade moderna – ciência, estado, economia e forças armadas – tentam antecipar o que não pode ser antecipado. Sócrates deixou-nos, para lhe atribuirmos sentido, uma frase enigmática: Só sei que nada sei. A ironia fatal na qual a sociedade técnico-científica nos mergulhou é, em consequência da sua perfeição, muito mais radical: não sabemos o que não sabemos – e é por via deste perigo que surge o que assusta a espécie humana!
Ulrich Beck, «Living in the world risk society» in Economy and Society, Volume 35, Number 3, August 2006, London, pp. 329-345. (t.a.)
Catagreena & Raquel Pedro
Contemplação do Risco
(pormenor), 20s. em loop, 2015
A partir de Contemplation Rock, Glacier Point (1385) de Eadweard Muybridge, 1872, fotografia estereográfica em papel albuminado, Colection of California Historical Society.
Vídeo integrado na instalação Contemplação do Risco (mesa 2), em Risco e Incerteza, uma exposição de Catagreena e Raquel Pedro que decorreu na Galeria Municipal Palácio Ribamar, em Algés, de 7 a 24 Maio 2015.