Quaisquer meios são bons para ir à Lua, com uma nave high-tech ou pela ficção, por um veículo de ciência ou de fantasia. Sandrine Elberg ama as estrelas, a conjunção do infinitamente grande e do infinitamente pequeno, os átomos a partir dos quais ela, qual pequeno planeta em busca das suas origens cósmicas, procede. Para ela, a Lua não é só um fim em si próprio, é um campo a explorar, à superfície e em profundidade, mas também a partir do qual arrancar de novo para mais longe, para o desconhecido. Na sua bagagem, desde que o tempo foi invertido, alguns livros de Júlio Verne e peças de filme do Voyage dans la Lune. A todas estas questões, Sandrine Elberg responde em M.O.O.N., quer dizer, o habitáculo de um livro que percorre os confins, módulo de investigação feito de cristais de sonhos e de pó de astros, de muros de estalactites e de icebergs fendidos, de rochas antropomórficas e de templos desmoronados. – Fabien Ribery
O que acontece quando os fotógrafos olham para o céu?
A partir do momento em que a fotografia adoptou pontos de vista distantes, as percepções do mundo mudaram radicalmente. Inaugurado com Nadar no final do século XIX, o desenvolvimento das imagens aéreas pode ser visto como uma aventura fascinante e cheia de sentido, que desafiou – tanto ao nível técnico como estético – o sistema da perspectiva convencional estabelecido desde o Renascimento. A percepção dos objectos celestes estimulou sempre imaginações e sonhos. As famosas imagens de 1969 dos primeiros passos do homem na Lua geram frequentemente cepticismo e dúvidas, especialmente numa época em que a «realidade» é perpetuamente distorcida, em particular nos media.
A minha prática fotográfica é motivada por uma atracção pelo céu, pelas noites estreladas e a exploração do espaço tal como é motivada pela minha curiosidade pela astronomia em geral e pelas suas fronteiras vagas com a ficção científica. As minhas origens familiares são uma fonte constante de inspiração e questionamento, já que o meu pai, um engenheiro espacial, passou muitos anos a trabalhar no foguetão Ariane V, em França.
A minha paixão consiste em criar novos planetas e novos mundos através de ferramentas mágicas e de imagens vertiginosas inspiradas de Júlio Verne, de Georges Méliès e dos Surrealistas. As imagens obtidas resultam da manipulação e das experimentações fotográficas com o intuito de se integrarem nas nossas imaginações sonhadoras.
Gostaria de dedicar o projecto de arte M.O.O.N. (Mysterious Orbital Object Non-Identified) a Valentina Terechkoya, a primeira mulher no Espaço.
Tradução por Nuno Miguel Proença
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