A partir do texto «FEEDBACK DE WATERGATE PARA O JARDIM DO ÉDEN», de William Burroughs, em A Revolução Electrónica, trad. de Maria Leonor Teles, José Augusto Morão, Vega, Lisboa, 1994
[Sara]
Olá Pedro,
como sabes estou a trabalhar o tema «falso» para a Wrong Wrong e gostava de desenvolver algo contigo a partir deste excerto da tua entrevista com a Elisa Adami:
«A possibilidade de destruir o arquivo levanta também algumas questões acerca de que tipo de destruição é que estamos a falar, já que, como eu propus algures acima, o arquivo existe não só enquanto entidade física mas também como ideia. E se uma coisa é destruir uma materialização física de uma ideia, já destruir uma ideia em si, é toda uma outra coisa.»
Beijo
[Pedro]
Olá Sara,
em relação à tua questão, diria que existem diversas formas de destruir uma ideia, algumas delas não necessitando sequer de qualquer intervenção externa...
Deixo-te aqui um muito breve – e de certeza incompleto – apanhado de algumas das formas como uma ideia pode ser destruída:
1. quando uma nova ideia torna outra obsoleta, ou a provafalsa (isto acontece frequentemente, por exemplo, nas ciências)
2. repetição ou banalização
3. apropriação ou instrumentalização
4. escárnio, difamação
5. chegada ao fim da ‘vida útil’ da ideia (isto se entendermos que uma ideia partilha algumas características com os seres vivos...)