Em 1956, Guy Debord publica «Methods of Detournement» onde lemos:
«A herança literária e artística da humanidade deve ser usada para fins de propaganda partidária. (...) Todos os elementos, não importa de onde sejam tirados, servem para fazer novas combinações. (...) Tudo pode ser usado. Será escusado dizer que não se está limitado a corrigir uma obra ou a integrar diversos fragmentos de obras datadas numa nova; também se pode alterar o significado desses fragmentos de forma adequada, deixando os imbecis com a sua servil preservação das ‘citações’.»
A Debord junta-se Godard que no filme British Sounds de 1970 nos diz em voz-off: «Muitas vezes, a luta de classes é a luta de uma imagem contra outra imagem, de um som contra outro som.».
Lógicas de remistura, sampling, montagem e métodos associativos ou relacionais são técnicas que colocam a publicação numa linhagem histórica e que a imbuem de princípios ideológicos, estéticos, éticos ou políticos. Pelo corte, comentário, fusão, cruzamento, associação, traçamos, lemos, colectamos, observamos e construímos. Saciados de informação mas cansados de hiperlinks disfuncionais, a ligação entre conteúdos passa a ser tão importante como os próprios conteúdos – a base de uma «cultura do uso das formas»[1].
Footnotes
^ BOURRIAUD, Nicolas. (2005). Postproduction. Culture as screenplay: How Art reprograms the world. Nova Iorque: Lukas & Sternberg.