ZERO, Let Us Explore the Stars

ZERO, Let Us Explore the Stars

O Grupo ZERO, de que fizeram parte Piero Manzoni, Lucio Fontana, Yves Klein, Jean Tinguely, Yayoi Kusama, Otto Piene, Heinz Mack, Günther Uecker entre outros, está a ser objecto de uma exposição no Stedelijk Museum de Amsterdão. Nas décadas de cinquenta e sessenta, o grupo desenvolveu obras e performances marcadas por pesquisas experimentais relacionadas com novos materiais e «media», como o fogo, a luz, o movimento e práticas espaciais. 

«Yves Klein realizing a Fire painting, 1962. Testing Center of Gaz de France, Saint-Denis, France». © Yves Klein / ADAGP, Paris / Pictoright, Amsterdam, 2015. © Photo Louis Frédéric

O nome ZERO, que foi criado por Heinz Mack e Otto Piene em Düsseldorf, em 1957, para nomear um novo movimento e uma revista, teve também muitos autores interessados em pesquisas similares na Holanda, em França, Itália, Bélgica, Japão. Actuando com uma rede internacional, estes artistas desenvolveram em conjunto intervenções, performances,  múltiplos e várias publicações.  

«Lucio Fontana and Jef Verheyen, Le Jour, Knokke, December 3, 1962». © Filip Tas /Sabam 2015 /FotoMuseum Provincie Antwerpen.

Importante para a inscrição do movimento foi a organização colectiva de exposições em galerias, museus e ateliers desta rede internacional de artistas.  Em 1962, o Stedelijk Museum foi o primeiro museu a apresentar o grupo ZERO, seguindo-se em 1965 uma mostra mais completa dos seus trabalhos.

Günther Ueker, «Het gele schilderij», 1957. Private collection / Pictoright, Amsterdam, 2015.

Para celebrar esta data, passados cinquenta anos, o museu mostra «ZERO – Let Us Explore the Stars», com obras de Armando, Heinz Mack, Henk Peeters, Otto Piene, Jan Schoonhoven, Günther Uecker, Lucio Fontana, Yves Klein, Piero Manzoni, Jean Tinguely, e Yayoi Kusama, exposição que marca a conclusão de um projecto de investigação que teve por objectivo analisar a importância desta rede internacional de artistas no panorama artístico europeu do pós-guerra. Até 8 de Novembro no Stedelijk MuseumSVJ

A casa de Cesariny

A casa de Cesariny

 «… a sombra dita a luz / não ilumina realmente os objectos / os objectos vivem às escuras / numa perpétua aurora surrealista / com a qual não podemos contactar / senão como os amantes / de olhos fechados / e lâmpadas nos dedos e na boca» (Mário Cesariny). 

Fotografia de Duarte Belo na exposição «Cesariny – Em casas como aquela», Museu da Electricidade

Através de um conjunto de fotografias captadas pela objectiva de Duarte Belo (1968), a exposição «Cesariny – Em casas como aquela», patente no Museu da Electricidade a partir de 4 de Setembro, desperta-nos o espírito voyeurista e abre-nos as portas da casa de Mário Cesariny (1923-2006) na Rua de Basílio Teles, n.º 6, em  Lisboa (Campolide), na qual o artista morreu, na madrugada do dia 26 de Novembro, aos 83 anos, e onde viveu os últimos anos de vida na companhia da sua irmã mais velha, Henriette, até esta falecer.

Fotografia de Duarte Belo na exposição «Cesariny – Em casas como aquela», Museu da Electricidade

A mostra permite-nos, assim, a preto e branco, entrar no seu espaço doméstico e conviver com a aparente desordenação  –  com contornos previsivelmente surrealistas – de objectos acumulados, como livros, quadros, manuscritos e esculturas que faziam parte do quotidiano de um artista multifacetado,  que marcou com singularidade, também pela sua personalidade ímpar, a cena artística portuguesa, e cuja obra (poética e plástica) sempre assumiu uma postura de ruptura e subversão, mas também de humor.

Fotografia de Duarte Belo na exposição «Cesariny – Em casas como aquela», Fotografia de Duarte Belo na exposição «Cesariny – Em casas como aquela», Museu da Electricidade

As fotografias foram encomendadas no âmbito da atribuição do Grande Prémio EDP – Artes Plásticas, em 2002, a Cesariny que as chegou a ver, adjectivando-as de «lindas». Comissariada por António Gonçalves, a mostra resultou de uma parceria com a Fundação Cupertino de Miranda. O livro correspondente foi publicado previamente, em 2014, com o apoio da Fundação EDP, por ocasião dos «VIII Encontros de Mário Cesariny». Nele pode ler-se: «Estas fotografias de Duarte Belo são como um navio de espelhos onde o mundo fechado de Cesariny nos entrega os seus sinais, as suas sombras, as suas solidões, os seus sóis, os seus fantasmas, os seus funâmbulos.» (José Manuel dos Santos). CC

Sister Corita Kent

A artista e designer Corita Kent (1918-1986), Irmã do Sagrado Coração de Maria, é um caso na história da arte contemporânea. Entre 1947 e 1968, Corita ensinou arte num colégio daquela

Sister Corita Kent

A artista e designer Corita Kent (1918-1986), Irmã do Sagrado Coração de Maria, é um caso na história da arte contemporânea. Entre 1947 e 1968, Corita ensinou arte num colégio daquela ordem em Los Angeles, coordenando ateliers e workshops de gravura e serigrafia, tendo sido nesse contexto que se dedicou nos anos 60 à produção de trabalhos de inspiração Pop.

Sister Corita Kent numa sala de aula, 1955


Na sua obra combinou referências da cultura e da arte popular, com reflexões de natureza política e filosófica, envolvendo-se em acções activistas e produção de trabalhos muito empenhados, que incluíam mensagens de esperança e fé religiosa, através das quais questionava o racismo, a guerra e a pobreza. São estas várias dimensões do seu trabalho que estão agora em exposição no Pasadena Museum of California Art.

Corita Kent, «Handle with Care», 1967. Cortesia do Tang Museum/Skidmore College e The Corita Art Center, Los Angeles

«Someday is Now: The Art of Corita Kent» reúne toda a obra da artista, constituindo um vasto levantamento das peças que marcaram um percurso de três décadas dedicado à actividade artística e ao seu papel de activista e sobretudo de educadora, no contexto de um período revolucionário e significativo da história americana.
A mostra está no Pasadena Museum of California Art até 1 de Novembro. SVJ

Thomas Ruff, o negativo em vez da cópia

Thomas Ruff, o negativo em vez da cópia

Thomas Ruff, um dos mais destacados ex-alunos de Bernd e Hilla Becher, apresenta na Galeria Gagosian, em Londres, «Nature Morte», uma exposição de negativos de grande formato representando plantas.

Vista da exposição «Nature Morte» de Thomas Ruff na Gagosian, Londres, 2015. Fotografia: Mike Bruce

Depois de abandonar a fotografia tradicional em meados dos anos 1990, Thomas Ruff trabalhou principalmente com imagens apropriadas e de várias proveniências: catálogos impressos, negativos científicos encontrados na internet, imagens pornográficas. O seu trabalho materializa-se em diferentes séries, que vem realizando ao longo de mais de 15 anos, construindo uma obra ecléctica não definida por género, método ou tema, mas sim por imagens despojadas, impressas e dispostas serialmente. Thomas Ruff investiga a gramática e a estrutura da fotografia; a sua obra é aberta e experimental, e nela utiliza tecnologias contemporâneas e antigas, testando os limites do suporte fotográfico. Mais recentemente, tem estudado o fotograma, actualizado para um ambiente digital 3-D, apresentando-o em imagens de grande escala.

Thomas Ruff, «neg◊stil_13», 2015. Chromogenic print, 28.1 × 22.4 cm. © Thomas Ruff

Nas obras presentes na galeria Gagosian, Ruff demostra o seu interesse por trabalhar o negativo fotográfico, afirmando:  «O negativo nunca foi considerado por si mesmo, sempre foi apenas um meio para um fim. Era a ‘matriz’ a partir da qual a cópia fotográfica era feita, e eu acho que vale a pena olhar para estas ‘matrizes’».

Thomas Ruff, «neg◊stil_09», 2015. Chromogenic print, 28.1 × 22.4 cm. © Thomas Ruff

Na exposição apresenta-nos assim um conjunto de trabalhos em que explora as propriedades visuais e evocativas do negativo fotográfico, através da representação de uma série de plantas e naturezas mortas, que em negativo adquirem uma dimensão escultórica. O tamanho das cópias, 29 x 22 centímetros, corresponde aproximadamente à escala das placas de vidro que poderiam ser expostas a partir de uma câmara no século XIX.
Revisitando técnicas históricas para inventar géneros meta-fotográficos, Ruff continua a expandir a aparência das imagens, os temas e as possibilidades da fotografia captar tanto visões familiares como estranhas da nossa realidade. A série «Nature Morte» está patente na Galeria Gagosian, em Londres, até 26 de Setembro. MM

Fassbinder – NOW

Fassbinder – NOW

O Museu Martin-Gropius-Bau, em Berlim, apresenta até 23 de Agosto a exposição «Fassbinder – JETZT», organizada pelo Deutsches Filminstitut em colaboração com a Rainer Werner Fassbinder Foundation.  A mostra integra-se num ciclo de programação que celebra o nascimento do realizador alemão Werner Fassbinder (1945-1982). Nascido em Munique, Fassbinder manteve uma relação especial com a capital alemã, onde rodou «Berlin Alexanderplatz» (1979–80), a partir do romance de Alfred Döblin (1929).

Rainer Werner Fassbinder e Michael Ballhaus, 1970/71

A abordagem curatorial é historiográfica, pretende mostrar material e documentos do legado do realizador mas também salientar a relevância da sua obra para a criação contemporânea.
Numa primeira parte do circuito expositivo apresentam-se materiais de arquivo e do seu espólio, documentos e objectos originais relacionados com os seus projectos e o contexto de trabalho. Expõe-se guiões, a máquina de escrever, cartas e notas pessoais do cineasta, dactilografadas e manuscritas, bem como material de imprensa e entrevistas televisivas que dão conta da relevância do seu trabalho e da imagem e discurso público do realizador. Há também espaço para revelar a colecção pessoal de cassetes VHS, em que Fassbinder gravava programação televisiva. 
Esta visão sobre a trajectória e processos de trabalho do realizador, complementa-se com a apresentação de esboços e figurinos emblemáticos dos seus filmes, como o de Hanna Schygulla em «Lili Marleen» (1980) ou os uniformes dos marinheiros de «Querelle» (1982).
Uma outra parte essencial da exposição, mostra excertos das suas obras – como a famosa cena de 360º graus de «Martha» (1973) –, focando temas, dispositivos e a estética da sua cinematografia, assim como  o legado e influência da sua obra para a criação contemporânea.

Runa Islam, «Tuin (Garden)», 1998. Vista da instalação. Martin-Gropius-Bau, 2015

A acompanhar a visão histórica sobre o universo do autor, surgem representadas obras de artistas contemporâneos – de Runa Islam, Jeroen de Rijke / Willem de Rooij, Tom Geens, Maryam Jafri, Ming Wong e Jeff Wall – que, directamente ou indirectamente, se relacionam com a cinematografia de Fassbinder.

Ming Wong, «Lerne Deutsch mit Petra von Kant», 2007. Vista da instalação. Martin-Gropius-Bau, 2015

Se em «Tuin (Garden)» (1998), Runa Islam referencia «Martha» (1973), em «Lerne Deutsch mit Petra von Kant» (2007), Ming Wong deriva para a teatralização satírica, orientalizante, de «As Lágrimas Amargas de Petra von Kant» (1972). SVJ