UM MÊS SEM FILMAR, João Maria Gusmão + Pedro Paiva

UM MÊS SEM FILMAR, João Maria Gusmão + Pedro Paiva

«One month without filming» é a mais recente exposição individual de João Maria Gusmão e Pedro Paiva. A mostra inaugurou no REDCAT - Roy And Edna Disney/CalArts Theather, em Los Angeles, a 10 de Julho. 
A mostra apresenta um conjunto de trabalhos realizado pela dupla no Japão, no qual registam rituais e diferentes situações da vida quotidiana em filme, explorando através do dispositivo tecnológico da câmara, questões como a dicotomia mente-corpo, sagrado-profano, espaço-tempo.

João Maria Gusmão + Pedro Paiva, «Shisa dog and chicken», 2015. 16mm filme, cor, sem som, 2’50”. Commissioned by REDCAT, Los Angeles. Agradecimentos: Kadist Art Foundation e Taguchi Art Collection

Desse grupo fazem parte os filmes «Camera test (washing machine)» (2014-2015), «Cleaning Marty’s family graveyard» (2015), «Shisa dog and chicken» (2015) ou «Sleeping in a bullet train» (2015).

João Maria Gusmão + Pedro Paiva, «Sleeping in a bullet train» (2015), 16mm, cor, sem som, 8’02’’

Filmado em câmera lenta, «Sleeping in a bullet train» (2015), mostra um grupo de passageiros a dormir e a descansar durante a viagem num comboio de alta velocidade, criando paradoxalmente um momento prolongado num dos veículos ferroviários mais rápidos do mundo.
«One month without filming» tem curadoria de Ruth Estevez e permanece no Calarts’ Downtown Center for Contemporary Arts até 20 de Setembro. SVJ 

Television Age

Television Age

A partir da década de 50 do século passado, a televisão entrou massivamente pelos lares, que recuperavam ainda dos traumas da guerra não muito distante: aproximou-nos de povos, bem como nos afastou de outros, deu-nos a conhecer locais distantes, culturas; trouxe surpresa, alegria e destruição, ideais de consumo, intervenção política homogeneizando e harmonizando a nossa relação com esse mundo que nos rodeia.
A National Gallery of Victoria apresenta até 13 de Setembro «Transmission: Legacies of the Television Age», exposição temática inspirada na «caixa que mudou o mundo» com trabalhos de vários artistas australianos e internacionais — dos quais se destacam Nam June Paik, Dara Birnbaum, Joan Jonas, Ant Farm — que trabalharam desde a década de 50 até aos dias de hoje sobre ou com a televisão.
 

John Immig, «No title (T.V. images)», 1975–76. «Vietnam series», 1975–76. Fotografia 20,1 x 25,2 cm. National Gallery of Victoria, Melbourne. © John Immig.


Exibe-se um conjunto formado por trabalhos em vídeo, fotografias e instalações, obras centradas na exploração do dispositivo e na transmissão de informação. O programa de «Transmission» contempla ainda conversas onde se aborda a televisão como meio de expressão artística e fonte de informação. PdR

PICTURES AND CREAM

PICTURES AND CREAM

«PICTURES and CREAM: The confidential report of the life and opinions of Tristram Shandy & friends - VOLUME 1» inaugura a 9 de Julho na Galeria Cristina Guerra, em Lisboa, com obras de trinta e oito criadores, artistas visuais, cineastas e designers.
Com curadoria de Paulo Mendes, esta mostra tem uma natureza essencialmente especulativa e baseia-se no livro «The Life and Opinions of Tristram Shandy, Gentleman» — escrito e editado por Laurence Sterne, entre 1759 e 1768 —, propondo uma exposição-instalação com um conjunto de peças, objectos e documentação que reflecte e amplifica a dimensão ficcional da criação, de personalidades e vidas imaginárias.
O relato biográfico, a criação de auto-retratos ficcionados, a invenção de pseudónimos, de alter ego ou máscaras constituem assim uma das abordagens criativas e críticas às convenções de construção identitária, tal como as narrativas fragmentadas, a indistinção entre criação e cópia, ready-made e trabalho original desdobram e amplificam a dimensão anti-clássica do romance de Sterne.
 


«PICTURES and CREAM» reúne peças em diferentes suportes — cinema, vídeo, fotografia, pintura, desenho, cartaz, instalação — e congrega um conjunto assinalável de criadores nacionais e internacionais: A Practice for Everyday Life, Adriano Amaral, André Cepeda, António Júlio Duarte, António Olaio, Carla Filipe, Christian Andersson, Erwin Wurm, Fabrizio Matos, Fernando Calhau, Filipa César, Gilbert & George, Jérémy Pajeanc, Jim Shaw, João Onofre, João Paulo Ferreira / Cineground, João Pedro Trindade, John Baldessari, Jorge Molder, Julião Sarmento, Lawrence Weiner, Mafalda Santos, Maria Trabulo, Matt Mullican, Mike Kelley, Mirka Lugosi, Non-verbal Club, Óscar Alves / Cineground, Paul McCarthy, Pedro Pousada, Pierre Candide, R2, Raymond Pettibon, Richard Prince, Rosângela Rennó, Rui Toscano, Tatjana Doll e Von Calhau. Em exposição até 16 de Setembro. SVJ

Pierre Huyghe, uma pedra pode ser um acontecimento

Pierre Huyghe, uma pedra pode ser um acontecimento

No terraço do Metropolitan Museum of Art habitam criaturas das profundezas do mar num tanque com areia e uma flutuante pedra de lava. As lajes do chão estão fora do sítio e por entre elas fluem águas imprevistas a curta distância de um pedregulho de calcário que parece ter caído do céu... Um novo sistema de relações entre partes sobrepõe-se ao pré-existente gerando a destabilização, a estranheza, a revelação, a surpresa, a interrogação características das obras do seu autor, o artista francês Pierre Huyghe.
 

Vista da instalação «The Roof Garden Commission: Pierre Huyghe» no Metropolitan Museum of Art, 2015. Fotografia: Hyla Skopitz, The Photograph Studio, The Metropolitan Museum of Art. Copyright 2015


Um elaborado exercício de manuseamento de estratos de tempo e espaço onde se encena o devir, uma situação eminente cuja possibilidade está latente entre o que se move e o que permanece, e no estado de dúvida e expectativa da testemunha em que o espectador se torna. Huyghe refere que lhe interessa mais a transformação do que a exposição de algo. Para si o mais importante não é o grande evento mas o papel que cada elemento desempenha no sistema ao qual pertence. Uma pedra pode ser um acontecimento. «The Roof Garden Comission: Pierre Huyghe» irá acontecendo de 12 de Maio a 1 de Novembro de 2015, em Manhattan. PTS

A Europa de Jimmie Durham

A Europa de Jimmie Durham

A exposição do artista, poeta, ensaísta e activista político Jimmie Durham no Neuer Berliner Kunstverein (n.b.k.), em Berlim, mostra núcleos do seu trabalho realizados nos últimos 20 anos, integrando vídeos, desenhos e esculturas. Comissariada por Marius Babias, «Here at the Center», destaca muitas obras do artista inspiradas na história da Europa, na influência que exerceu sobre o mundo e na realidade complexa da União Europeia.
 

Jimmie Durham, «Cofee Table», 2010. Vista da exposição na Neuer Berliner Kunstverein, 2015. © Neuer Berliner Kunstverein / Jens Ziehe


Estão presentes trabalhos como «Still Life with Architectual Elements» (2000), «Eurasia, a Scent» (1997), «1948» (2012); bem como «Grunewald» (2006) e «Heimat» (2000), realizados em colaboração com Maria Tereza Alves. Também trabalhos recentes do artista, como as esculturas «French Anatomy» (2015), «Not All Questions Have Reasonable Meanings» (2015) e «The Weight of All Flesh» (2015).
A Europa é ainda o foco do livro de artista que a editora Walther König publica nesta ocasião. Intitulado «In Europe» reúne pela primeira vez uma série de retratos realizados por Durham em diferentes locais da Europa que reflectem os usos prosaicos desse conceito em múltiplos contextos.
De origem cherokee, Jimmie Durham nasceu, em 1940, nos Estados Unidos. Na década de sessenta iniciou o seu trabalho como escultor e simultaneamente um percurso activo em defesa do movimento pelos direitos civis.  Licenciou-se em 1973, em Genebra, na École des Beaux-Arts e, nessa década, tornou-se co-fundador e presidente do International Indian Treaty Council nas Nações Unidas, onde lutou pelos direitos dos povos indígenas. Viveu no México e em muitas cidades europeias  — Dublin, Marselha, Roma — e actualmente reside em Berlim, local privilegiado para observar a realidade europeia. 
A exposição no n.b.k. encerra a 2 de Agosto. SVJ