unplace

Concebida exclusivamente para suporte digital na web, a exposição «unplace – arte em rede: lugares-entre-lugares», com curadoria de António Pinto Ribeiro e Rita Xavier Monteiro, integra a programação

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Concebida exclusivamente para suporte digital na web, a exposição «unplace – arte em rede: lugares-entre-lugares», com curadoria de António Pinto Ribeiro e Rita Xavier Monteiro, integra a programação do Programa Gulbenkian Próximo Futuro e está disponível em unplace a partir de hoje, dia 19 de Junho. Junta obras de 16 artistas (Alfredo Jaar, Ai Weiwei,  Olafur Eliasson e João Paulo Serafim, entre outros) de diferentes nacionalidades e latitudes (de Cuba ao Egpito, passando pelos EUA, China, Portugal, Brasil, Perú, Reino Unido ou Holanda), algumas das quais web-specific e criadas especificamente para a mostra. Respondendo ao desafio de explorar as possibilidades e os limites da tecnologia e da linguagem digital, a maioria dos trabalhos preconiza uma reflexão crítica e uma postura de activismo relativamente ao controlo dos mecanismos de produção, arquivo e difusão da informação digital nos sistemas operativos que dominam a sociedade globalizada.
Paralelamente à exposição, cujo design do website coube aos WeAreBoq e o layout e implementação ao GBNT, serão lançados os e-books «Uncertain Spaces: Virtual Configurations in Contemporary Art and Museums» (editado por Helena Barranha e Susana S. Martins) e «Museus sem lugar: ensaios, manifestos e diálogos em rede» (editado por Helena Barranha, Susana S. Martins e António Pinto Ribeiro).
As iniciativas resultam de um projecto de investigação científica e artística «unplace – um museu sem lugar» desenvolvido em parceria pela Fundação Calouste Gulbenkian, Instituto Superior Técnico e Universidade Nova de Lisboa, contando, também, com o financiamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. CC 

Novo Banco Photo 2015

Novo Banco Photo 2015

A mostra correspondente à edição deste ano do prémio «Novo Banco Photo» inaugura hoje, dia 17 de Junho, no Museu Colecção Berardo, e apresenta trabalhos inéditos, concebidos ao abrigo de uma bolsa de produção, por Ângela Ferreira (Maputo, 1958), Ayrson Heráclito (Salvador, 1968) e Edson Chagas (Luanda, 1977). Com o objectivo de promover artistas provenientes de países de língua oficial portuguesa, a selecção dos nomeados, por um júri proveniente das três latitudes do mundo lusófono — Luís Silva (Kunsthalle Lissabon), Adriano Pedroso (Museu de Arte de São Paulo) e Bisi Silva (Centre for Contemporary Art, Lagos) — teve como critério o facto dos artistas terem realizado, no decorrer de 2014, uma exposição de obras em suporte fotográfico e/ou a edição de uma publicação. 

Ângela Ferreira, «A Tendency to Forget», Still, 2015

A Ângela Ferreira interessa, desde 1991 com «Amnésia», combater a falta de discurso crítico sobre o processo colonial e a descolonização portuguesa, enfatizando alguns dos vícios de gestão do sistema colonial que, considera, perdurarem até hoje. Apresenta fotografias dos edifícios que albergam o Museu Nacional de Etnologia e antigo Ministério do Ultramar (actual Ministério da Defesa Nacional) e um vídeo instalado numa estrutura escultórica. A investigação que deu mote ao projecto foi desenvolvida em torno do casal de etnólogos Jorge Dias (fundador do Museu Nacional de Etnologia) e Margot Dias (cineasta) que, paralelamente, ao trabalho de campo em torno dos macondes (norte de Moçambique), elaboravam relatórios confidenciais, de carácter político, sobre movimentos subversivos. O vídeo conjuga uma componente etnográfica e política, sendo composto por imagens do quotidiano dos colonos e excertos dos filmes de Margot Dias. A componente áudio remete para o diário da cineasta e para os relatórios remetidos para o Ministério do Ultramar.

Ayrson Heráclito, «O Sacudimento da Maison des Esclaves em Gorée, Díptico 1, Sacerdotes», 2015

Identificar em que medida a colonização e as práticas esclavagistas se reflectem na contemporaneidade, da pobreza à desigualdade social, numa atitude de purga e catarse, constitui o núcleo central em torno do qual Ayrson Heráclito tem desenvolvido o seu trabalho. Na mostra apresenta fotografia e vídeo, com componente performativa associada, referenciando um ritual de exorcismo afro-brasileiro de depuração dos espaços, realizado com folhas sagradas. Reúne as duas margens atlânticas ao tomar como cenários a Maison des Esclaves (Gorée, Senegal), porta sem retorno e de apagamento de memória de onde saíam a maior parte dos escravos rumo à América, e a Casa da Torre (Bahia, Brasil), símbolo máximo da colonização portuguesa e da escravatura no Brasil, associada a diversas atrocidades.

Edson Chagas, «Desacelera o Mambo. Celebrating Life», 2015

Através de fotografias e de um vídeo, Edson Chagas centra-se na sua própria vivência nocturna na cidade de Luanda (Ilha do Cabo, mais concretamente), captando imagens de um espaço relativamente recente concebido para a população desfrutar dos tempos livres, convivendo ou praticando desporto. Para o artista os objectos captados assumem-se como contadores de histórias ao serviço de um processo de desaceleração da vivência frenética das metrópoles. 
O vencedor do prémio, no valor de 40.000 euros, será anunciado a 22 de Setembro, estando a decisão a cargo de um júri internacional composto por Dana Whabira (artista e curadora independente), Manthia Diawara (historiador de arte e professor) e Salah Hassan (historiador de arte e professor), que terá como critério de avaliação a mostra patente no Museu Colecção Berardo até 11 de Outubro. CC

Black Mountain

Black Mountain

Até 27 de Setembro, o Museu Hamburger Bahnhof, em Berlim, mostra uma exposição retrospectiva da Black Mountain College. Fundada na década de 30 do século passado, na Carolina do Norte, a escola ganhou rapidamente fama devido aos seus métodos de ensino progressistas. Nela leccionaram figuras destacadas — nomeadamente artistas e pensadores europeus que fugiram da Europa durante a II Grande Guerra Mundial — como alguns elementos da Bauhaus.

Aula de desenho de Josef Albers, Black Mountain College, c. 1939/1940
Aula de desenho de Josef Albers, Black Mountain College, c. 1939/1940


É inegável o valor da sua influência na arte contemporânea a partir de 1960, através do trabalho de artistas que foram seus alunos, como por exemplo Robert Rauschenberg e Cy Twombly, mas também a nível social, através da pedagogia que incutia e que assentava sobretudo na criação de performances. 
«Black Mountain. An Interdisciplinary Experiment 1933 – 1957» consiste numa mostra de trabalhos de alguns dos professores e alunos; e um imenso arquivo de fotografias e documentários, bem como publicações produzidas pela escola, ajudando a dar a conhecer a vida no campus universitário. PdR

Jesper Just

Jesper Just

«Servitudes», que Jesper Just (Copenhaga, 1974) concebeu para a sua exposição individual a inaugurar a 24 de Junho no Palais de Tokyo, com curadoria de Katell Jaffrès, combina uma instalação audiovisual com uma intervenção arquitectónica que promete transformar por completo a galeria inferior da instituição parisiense e a experiência espacial e sensorial do próprio visitante. Reforçando a sua marca autoral, no vídeo que apresenta, composto por imagens de uma qualidade e som excepcionais, situando-se, novamente, na ténue fronteira com o filme, a narrativa volta a assumir-se aberta, enigmática, dramática, complexa e de uma inquestionável beleza armadilhada. Construído com referência ao icónico e controverso One World Trade Center, o vídeo tem como personagens principais uma jovem mãe e uma criança portadora de deficiência. Jesper Just volta a explorar o território ambíguo do género, da identidade, das relações e do desejo, questionando os limites da individualidade e, consequentemente, do próprio corpo. Em 2010 apresentou-se em Lisboa no Centro de Arte Moderna. Na capital francesa pode ser visto até 13 de Setembro. CC

Germaine

Germaine

No Jeu de Paume, em Paris, inaugurou a 2 de Junho a exposição «Germaine Krull: Un destin de photographe». Germaine Krull (1897-1985), fotógrafa alemã, ficou conhecida pela sua participação nas vanguardas dos anos 1920-1940, sendo uma das poucas mulheres fotógrafas da época. As suas inovações estéticas e a independência da sua concepção fotográfica, alinhada à esquerda, bem como o olhar sobre a condição da mulher, são algumas das características que contribuíram para a originalidade do seu trabalho.
 

Germaine Krull, «Rue Auber à Paris», c. 1928. The Museum of Modern Art, New York. Thomas Walther Collection. Doação de David H. McAlpin, por troca. © Estate Germaine Krull, Museum Folkwang, Essen

A sua obra tem sido pouco estudada e mostrada, ao contrário dos seus contemporâneos Man Ray, Moholy-Nagy ou Kertész, apesar das suas fotografias terem sido publicadas ao longo dos anos, principalmente na revista VU, lançada em 1928, na qual participou desde o início. Próxima do surrealismo, do construtivismo e da Bauhaus, privilegiava no entanto a reportagem, afirmando que: «o verdadeiro fotógrafo, a testemunha de todos os dias, é o repórter». 
A obra de Krull está ligada ao aparecimento de formas inovadoras de reportagem e de ilustração fotográfica, mas simultaneamente encarou a fotografia como actividade artística autónoma, tendo participado em exposições individuais e colectivas. Teve ainda um papel inovador na época ao publicar livros de fotografia individuais e portefólios, como «Métal» (1928), «100 x Paris» (1929), «Études de nu» (1930), «Le Valois» (1930), «La Route Paris-Biarritz» (1931), «Marseille» (1935), tal como o primeiro foto-romance com Simenon, «La Folle d’Itteville» (1931). 
A exposição agora apresentada no centro Jeu de Paume propõe uma nova leitura da sua obra integrando uma visão artística ligada à vanguarda e uma função mediática e ilustrativa, que se cruzam e interpenetram. É constituída por 130 tiragens da época e numerosos livros e revistas que mostram as intenções e o imaginário da fotógrafa, principalmente relativas ao período entre 1926 e 1933 (em que teve intensa actividade fotográfica), assim como o trabalho desenvolvido ao serviço da France Libre até 1945 e o período posterior, quando viveu na Ásia. A apresentação cronológica articula-se à volta dos temas da própria Germaine Krull que são também sintomáticos do seu papel no modernismo. A exposição mantém-se até 27 de Setembro. MM