POST-INTERNET CITIES | Conferência Internacional

POST-INTERNET CITIES | Conferência Internacional

Diogo Evangelista, «The sky exists», 2017, video still. Cortesia do artista

No contexto da exposição «Utopia/Distopia», organizada pelo MAAT, esta conferência, que tem lugar a 26 de Maio, pretende promover uma reflexão crítica sobre o modo como as tecnologias digitais têm afectado a conceptualização e a vida das cidades. Como podem a arte e a arquitectura responder a esta condição incerta e instável?

Falar sobre o presente e o futuro das cidades implica, desde logo, discutir o que significa hoje espaço urbano. Para além de terem motivado evidentes mudanças nas práticas quotidianas, as tecnologias da comunicação transformaram radicalmente o modo como as cidades são reconhecidas, apropriadas e (re)desenhadas. A globalização da Internet e, mais recentemente, o fenómeno das redes sociais, reconfiguraram o espaço urbano, desdobrando-o em múltiplos territórios que coexistem e se confundem, numa crescente ambiguidade entre os domínios público e privado, real e virtual.

Num cenário de constante hibridização e conectividade, as distâncias físicas diluíram-se, dando lugar a cidades ubíquas e paralelas, cartografadas por sistemas interactivos e colaborativos. Este processo explica que os principais movimentos de contestação política da última década tenham começado por surgir online, para só depois ocuparem locais simbólicos das cidades. Mas estarão estas novas dinâmicas socio-culturais a colocar em causa o papel do espaço público construído? Até que ponto deve a cidade ser entendida como uma sobreposição entre a realidade material e um imaginário colectivamente reinventado nas redes?

Os oradores convidados são Marisa Olson, Morten Søndergaard, Salvatore Iaconesi & Oriana Persico e Hani Rashid. Com coordenação de Pedro Gadanho e Helena Barranha, a conferência é organizada pelo MAAT - Museu de Arte, Arquitectura e Tecnologia, IHA - Instituto de História da Arte/Universidade Nova de Lisboa e Instituto Superior Técnico/Universidade de Lisboa.
As inscrições estão abertas até ao dia 18 de Maio, quinta-feira. Mais informações em:  www.postinternetcities.weebly.com

16 anos de Maus Hábitos

16 anos de Maus Hábitos

O Maus Hábitos celebra o seu 16º Aniversário no sábado, 1 de Abril. O programa inclui uma Feira Publicações de Arte e Djsets durante a tarde, bem como um workshop Queer pela bienal BoCA.  A feira que tem lugar das 14h às 19h, conta com a participação de bancas pela Inc-Livros Edições de Autor, Matéria Prima, OFICINA ARARA, Scopio Editions e Stay Wise.

Às 18h30 o aniversário conta igualmente com o lançamento das publicações finais de dois projectos, «Ao Monte» e «Apneia», decorridos no último ano e meio. «Apneia» foi um projecto de programação artística desenvolvido pelos artistas Hugo Soares, João Gigante, Reis Valdrez e João Espírito Santo e coordenado por Carmo Azeredo, para a Saco Azul. Ao longo de um ano e meio contou com 5 residências de duplas de artistas:  Alexandra Rafael e João Leal, Anabela Bravo e Pascal Ferreira, Luísa Abreu e Jorge Lourenço, Fabrizio Matos e Dalila Gonçalves, e Pedro Tudela e Vera Mota. Cada residência arrancou com uma prova de esforço expositiva na Árvore, e, um mês depois, terminava com uma exposição no Maus Hábitos, onde os artistas apresentavam as consequências da sua residência.

Este lançamento acontece em simultâneo com o encerramento da última exposição «Ao Monte», onde se apresenta a colecção produzida de livros de artistas por colectivos da cidade do Porto: Rua do Sol 178, Fundação, A Sala, Senhorio, Inter-disciplinar-idades, Embankment e Artemosferas. O projecto é de Carmo Azeredo, Felícia Teixeira e João Brojo e resultou da colaboração entre a Saco Azul, o Maus Hábitos e a Cooperativa Árvore.

A Festa do Maus Hábitos continua à noite com um concerto de HHY & The Macumbas e Djsets que se prolongam até de madrugada. A entrada é gratuita até à meia noite. WW

Zaratan, sessões contínuas

Zaratan, sessões contínuas

A Zaratan acaba de anunciar uma nova série de exposições comissariadas por artistas. Hoje, 23 de Março, pelas 19 horas, inaugura a primeira parte de «Curated Curators», comissariada por Sara e André. A exposição reúne peças de curadores que já se dedicaram à prática artística, incluindo trabalhos de Ana Anacleto, Bruno Leitão, Bruno Marchand, Filipa Valladares, Frederico Duarte, Hugo Dinis, João Silvério, Luísa Santos, Manuel Castro Caldas, Manuel Costa Cabral, Maria Joana Vilela, Margarida Mendes, Maria do Mar Fazenda, Mário Caeiro, Miguel Sousa Ribeiro, Natxo Checa, Patrícia Trindade, Paula Parente Pinto, Ricardo Nicolau, Sandro Resende, Sara Antónia Matos, Susana Pomba, Victor dos Reis.

No sábado, 25 de Março, às 19h00 decorre mais uma sessão da Buganvília, ciclo comissariado por António Caramelo, que reúne projecções de vídeo e concertos de música. Nesta décima quinta sessão, o convidado é João Fonte Santa que mostra «Apollo XIII», «GOPR 1066», «Ataque, o Povo Quer Derrubar o Regime», seguido por concerto de Jewels, projecto a solo de Júlia Reis, baterista das Pega Monstro.

No domingo, 26 de Março, às 18h00 terá lugar um novo episódio do Ciclo Do Liminar, dedicado a objectos experimentais no campo da performance que tem curadoria conjunta de Bruno Humberto e Zaratan. Nesta sétima edição haverá performances de Lucia Nacht e Xavier Almeida. Joana Hintze Ribeiro Garrido e Valério Romão são convidados a interpretar/traduzir em fotografia e texto esta sessão do ciclo que ganhará depois a forma de publicação impressa. No mesmo dia, terá lugar o lançamento da sexta edição da publicação «Do Liminar», que reúne um ensaio textual de Nuno Moura e um ensaio fotográfico de Michela Balloi, concebidos a partir das performances apresentadas no episódio anterior do ciclo. O texto da publicação será lido ao vivo pelo autor, Nuno Moura. WW

Observatório de Tangentes

Observatório de Tangentes

«Observatório de Tangentes» é a última exposição de Valter Ventura, comissariada por Celso Martins, em exibição até 7 de Maio de 2017, no MNAC – Museu do Chiado, em Lisboa, na agora denominada Sala Sonae. Nesta exposição, o fotógrafo... ou melhor, o artista, recorre a vários conjuntos de trabalhos aparentemente díspares para conduzir o espectador através de uma abordagem sobre o fotográfico. A exposição denota a intenção de criar um diálogo através de pistas que o artista vai ora introduzindo, ora retirando, no sentido de dar contexto a uma reflexão que quer fazer com cada visitante.

Num primeiro plano surge um conjunto de fotografias onde são exibidas imagens de dispositivos ópticos, que permitem estender o olhar, ou que de certa forma estão ou estiveram associados ao início da fotografia ou da visão mediada – um óculo, uma luneta, um sextante (para ver a posição das estrelas e por onde o utilizador poderia «ver-se» no mapa mundo), uns óculos de infravermelho (que permitem ver além do espectro do visível). Nestas imagens encontra-se patente a complexidade do acto de ver e é justificada a construção dos dispositivos: a impossibilidade física do corpo humano de ver para além do raio de alcance da visão, da periferia da sua visão, de ver na ausência de luz a «olho nu» e de ver-se em referência ao espaço que ocupa. Por outro lado, aborda igualmente a necessidade ou a condição do fotógrafo de se tornar invisível perante o objecto ou acção que quer ver ou captar com o dispositivo fotográfico. Aqui entram as primeiras pistas que relacionam o acto de disparar uma câmara fotográfica com o acto de disparar uma arma de fogo – uma imagem de uma réplica da espingarda fotográfica de Étienne-Jules Marey, uma «pistola flash» («The Pistol Flashmeter»), um periscópio, um fato camuflado. O artista insinua que o fotógrafo é um caçador de imagens. Alguém que quer ver e não ser visto. Um voyeur com instintos predadores.

A meio da sala e dispostas em lados opostos, encontram-se mais dois conjuntos de trabalhos. Se por um lado, se acentua essa associação entre o acto de disparar, a câmara fotográfica e a arma de fogo; por outro, Ventura cria um desvanecimento. Confirma-se a etimologia da palavra «snapshot» – termo associado tanto para o contexto fotográfico como da arma – o acto.

A arma fotográfica de Marey volta a ser a intersecção entre os dois contextos, com a presença de uma imagem demonstrando a utilização da «arma». Ao seu lado, pode ver-se um grupo de imagens de pratos (ou «clay pidgeons») usados na prática de disparo de armas. Este conjunto começa por mostrar uma diferença entre as duas práticas: o lado destruidor da arma de fogo e o lado construtivo da fotografia, onde uma sequência com igual número de disparos, quantos os da arma de fogo, permite criar uma série onde se evidencia a habilidade de quem realizou os disparos. Uma visão forense que permite reconstituir o disparo da arma e até caracterizar o perfil do disparador.

No lado oposto, figura uma peça criada a partir de disparos reais de uma arma, com marcas alinhadas que testemunham o acto e a precisão de quem os realizou. Junto desta peça encontra-se uma vitrine onde o artista dispõe vários objectos, «Medida do Olhar», onde são feitas novas referências ao fotográfico, neste caso num âmbito mais científico – miras fotográficas, escalas de cinzento, referências à importância da fotografia na experimentação, nomeadamente na Física, onde a Balística é uma das áreas de estudo.

O nome da exposição poderá estar relacionado com o campo da Balística, estudo científico sobre o movimento de projécteis, que nos diz que a trajectória de uma bala é determinada por arcos-tangente, quando relativa à fonte do disparo. O observatório de tangentes relaciona esta arma fotográfica, ou a arma do «sniper», com a sua mira telescópica. No limite, e através desse estudo científico, é possível determinar aproximadamente a posição do observador-predador. Para um caso – o do fotógrafo –, como para o outro – o do «caçador» –, são situações indesejáveis. Valter Ventura refere-se então à fotografia, como essa arte de ver e não ser visto.

Por fim, o artista retira a dualidade a esse contexto criado através da desmontagem desta viagem, confrontando o espectador com o que pensa ter adquirido nesse diálogo. Para tal, usa o vídeo «Fade to Black», uma projecção em dois canais: um representando-se a si mesmo enquanto «disparador» e outro com uma lâmpada, que aparentemente é o alvo das várias tentativas que vai fazendo.

Quando acerta na lâmpada, as imagens do alvo e do artista-caçador desaparecem. E esta é talvez a reflexão maior que surge quando um estrondo enche a sala. Um voltar ao início, ao «big bang» – sem luz é impossível ver ou fotografar o mundo como o vemos pelos nossos olhos ou captá-lo com os dispositivos que temos ao dispôr. PdR

Uma linha média para repensar o espaço que nos rodeia

Uma linha média para repensar o espaço que nos rodeia

O Limac – Museu de Arte Contemporânea de Lima, um museu «fictício» criado pela  artista plástica  Sandra Gamarra inaugurou a 23 de Fevereiro, em Madrid, uma exposição dedicada à reflexão sobre a linha do horizonte herdada da tradição paisagística ocidental. A exposição reúne trabalhos de onze artistas: Etel Adnan, Ana Arcas, Josh Begley, Daniel Gustav Cramer, Dare Dovidjenko, Olafur Eliasson, Sandra Gamarra, Geert Goiris, Vanja Pagar, João Queiroz e  Sean Snyder – em pintura, fotografia, vídeo e gravura, sob a curadoria de Antoine Henry Jonquères.

Ana Arcas (Espanha, 1983), «Que el color del mar no sepa lo que hace el del cielo», 2011. Óleo sobre tela, 5 x 8 cm

Segundo o curador, esta exposição justifica-se porque a «naturalização da paisagem estendeu conceitos que passaram a determinar a nossa relação com o ambiente. Continuando a ser um meio para entender o ‘exterior’ e como ele tanto nos aproxima, e cria igualmente uma distância». O curador, no seu texto, marca ainda a importância da relação histórica com a visão ocidental da paisagem e os impactos físicos nos territórios a que teve acesso.

Dare Dovidjenko (Croácia, 1949), «¿Cómo es?», 2016. Óleo sobre tela, díptico, 40 x 60 cm cada

Entre a anacronia e a actualidade diz: «Durante séculos de colonização, as pinturas de paisagens exóticas serviram como uma ferramenta simbólica de conquista territorial, que em paralelo com o êxodo rural europeu para as cidades e a subsequente expropriação das terras nas mãos do poder, desalojou seres humanos dos seus territórios ancestrais». Sublinhando por outro lado, uma necessidade viril dentro dessa visão: «A paisagem é sempre ampla e inabitada, aberta e pronta para ser organizada pelo homem ocidental»; ao mesmo tempo que pueril e que obriga o espectador a uma reflexão sobre o espaço que habitualmente o rodeia, referindo que «Hoje, os desastres ecológicos e as tensões territoriais são um sintoma de como nos relacionamos com o espaço em que vivemos».

Sandra Gamarra (Peru, 1972), «The Landscapes ́ Frame», 2015. Óleo sobre tela, 82 x 132 cm

A exposição encontra-se no espaço do Limac, em Madrid, na Calle Orellana, 4, pátio interior, em Madrid podendo ser visitada até dia 3 de Março (Segunda a Sexta das 16h às 19h e durante o fim de semana entre as 11h e as 18h). PdR