RAUM, novo ciclo

RAUM, novo ciclo

Iniciou-se um novo ciclo de programação da plataforma RAUM: residências artísticas online, projecto produzido (tal como a Wrong Wrong) pela associação Terceiro Direito. 

Andreia Santana, «Bússola do Aprendiz», 2015

A primeira residência artística desta nova etapa ficou a cargo da Zaratan – Arte Contemporânea, que convidou a artista Andreia Santana a realizar um projecto concebido especificamente para a plataforma, intitulado a «Bússola do Aprendiz».
Em Novembro segue-se a residência artística da Culturgest na RAUM, com um projecto de Von Calhau!. Em Fevereiro e Março de 2016 terão lugar as residências artísticas do Departamento de Artes Plásticas da Escola Superior de Artes e Design – IPL (Caldas da Rainha) e do espaço Oporto, de Lisboa. 

Stan Douglas. Interregnum

O Museu Colecção Berardo apresenta até 14 de Fevereiro, a exposição «Interregnum» do canadiano Stan Douglas (1960). O regresso a Lisboa, 15 anos depois de se ter apresentado individualmente

Stan Douglas. Interregnum

O Museu Colecção Berardo apresenta até 14 de Fevereiro, a exposição «Interregnum» do canadiano Stan Douglas (1960). O regresso a Lisboa, 15 anos depois de se ter apresentado individualmente no Museu do Chiado - MNAC, volta a ter curadoria de Pedro Lapa.

Stan Douglas, «The Secret Agent», 2015. Still de vídeo. Cortesia do artista, da Galeria David Zwirner (Nova Iorque e Londres), e da Galeria Victoria Miro (Londres)

Destaca-se a estreia da longa-metragem «The Secret Agent», filmada em Março deste ano em Lisboa (em espaços como o Nimas, o Palácio Foz e o Bairro dos Anjos), contando com a participação de actores portugueses, como Beatriz Batarda, Miguel Guilherme ou Marcello Urghege. Trata-se de uma instalação cinemática composta por seis ecrãs alinhados frente a frente em duas fileiras de três. A narrativa remete para uma revisitação do Verão Quente de 1975, num exercício de releitura e recontextualização de Douglas a partir do livro homónimo de Joseph Conrad, cujo cenário original remete para uma história de espionagem que decorre em Londres, no final do século XIX.

Stan Douglas, «The Secret Agent», 2015. Still de vídeo. Cortesia do artista, da Galeria David Zwirner (Nova Iorque e Londres), e da Galeria Victoria Miro (Londres)


O artista investigou, a partir de diversas fontes documentais, sobretudo fotográficas, as transformações da realidade portuguesa na década de 1970, destacando o fim do colonialismo e a emergência de uma nova ordem global. «Disco Angola» (2012) e «Luanda-Kinshasa» (2013) são as outras obras que integram a mostra e decorreram, precisamente, dessa pesquisa. A primeira é composta por duas séries de fotografias que remetem para Angola e Nova Iorque, tendo como ponto de ligação um repórter que se movimenta em ambos os cenários. A segunda, uma vídeo-projecção com a duração de seis horas de duração, apresenta uma banda de jazz de fusão, free e afrobeat a gravar nos famosos estúdios da Colombia Records.

Stan Douglas, «Coat Check, 1974», 2012. Digital C-print mounted on Dibond aluminum. 120.7 x 181 cm. Cortesia do artista e da galeria David Zwirner (Nova Iorque e Londres)


Paralelamente à exposição foram programadas um conjunto de iniciativas complementares, destacando-se a conversa aberta ao público que se realizará dia 23 de Outubro, pelas 18h00, no anfiteatro do museu (juntando Stan Douglas, Sérgio Mah e Pedro Lapa)  e o lançamento do livro «História e Interregnum. Três Obras de Stan Douglas», edição bilingue partilhada entre o Museu Colecção Berardo e a Archive Books (Berlim). CC

El porqué de las naranjas

No novo espaço dedicado à imagem, A Ilha, poderá ser visitada a exposição do fotógrafo espanhol Ricardo Cases, «El porqué de las naranjas». Nascido em 1971, em Orihuela,

El porqué de las naranjas

No novo espaço dedicado à imagem, A Ilha, poderá ser visitada a exposição do fotógrafo espanhol Ricardo Cases, «El porqué de las naranjas». Nascido em 1971, em Orihuela, Cases tem vindo a desenvolver o seu trabalho fotográfico sobretudo em formato foto-livro tendo um dos seus livros, «Paloma al aire», sido nomeado como um dos melhores foto-livros de 2011 por Martin Parr e Alec Soth.

«El porqué de las naranjas» escapa aos seus registos anteriores, mais antropológicos. O artista parte para uma deambulação pela zona do Levante, em Espanha, onde foi captando não a realidade tal como ela é, mas momentos mais ou menos efémeros; dificilmente repetíveis e facilmente perceptíveis – situações que em certa medida reflectem a presença humana, seja literalmente ou nos efeitos da transformação da paisagem daquela região.

Por outro lado, partindo deste aspecto inicia uma busca procurando nesses elementos uma nova identidade espanhola criada entre expectativas e desilusões económicas, muitas vezes em choque com uma cultura global totalizante.

Até dia 13 de Novembro. PdR

Guimarães

Guimarães

No próximo dia 17 de Outubro, Guimarães será palco de duas inaugurações nos principais espaços expositivos da cidade: o Palácio Vila Flor, com uma mostra individual de Paulo Mendes; e o Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), com a exposição colectiva «Os Inquéritos [à Fotografia e ao Território]: Paisagem e Povoamento». Ambas podem ser visitadas até ao final de Janeiro.

Paulo Mendes, «S de Saudade», 2007-2015

Paulo Mendes apresenta uma selecção de obras da série  «S de Saudade», iniciada em 2007, agregadas numa instalação que funciona como arquivo de memórias que o artista pretende reavivar, combatendo a amnésia colectiva relativamente ao passado, recente e traumático, do Estado Novo.  O «Senhor S», protagonista da exposição, remete para «O Homem sem Qualidades», de Robert Musil, e apresentará uma performance no decorrer da inauguração.

INQUÉRITOS - Pastores com carroça, capucha e cão lobeiro, Cinfães, Gralheira, 1955 ©Ordem dos Arquitectos

A mostra, patente no CIAJG com curadoria de Nuno Faria, apresenta um conjunto de material que reflecte sobre o papel da imagem, em particular da fotografia (mas em alguns casos também do filme), no mapeamento, documentação e construção do conhecimento acerca do território português. Tendo como ponto de partida a expedição à Serra da Estrela, promovida pela Sociedade de Geografia de Lisboa em 1881, a exposição progride cronologicamente através de revisitações das pesquisas de Orlando Ribeiro ou do etnólogo Jorge Dias. Obras de artistas contemporâneos como Alberto Carneiro, André Príncipe, Daniel Blaufuks, Nuno Cera, Paulo Catrica e Valter Vinagre, entre outros, estabelecem pontes e diálogos com um passado que se faz presente. Citando Eduardo Lourenço: «Só temos o passado à nossa disposição. É com ele que imaginamos o futuro.» CC 

1887 – 2058, Dominique Gonzalez-Foerster

1887 – 2058, Dominique Gonzalez-Foerster

«1887 – 2058» é a exposição prospectiva e retrospectiva de trabalhos de Dominique Gonzalez-Foerster que decorre no Centro Pompidou até 1 de Fevereiro de 2016. 

Dominique Gonzalez-Foerster, «Euqinimod & costumes», 303 Gallery, Nova Iorque, 2014. © Dominique Gonzalez-Foerster, Cortesia 303 Gallery, Nova Iorque. Fotografia: John Berens. © ADAGP, Paris 2015

Através de novos exercícios cenográficos, Gonzalez-Foerster propõe uma cronologia aberta que cobre os séculos XIX, XX e XXI e integra 30 trabalhos instalados em ambientes criados no interior e no exterior do Centro Pompidou. Nela recupera temas e trabalhos apresentados nas exposições individuais mais importantes realizadas no Musée d’art moderne de la Ville de Paris em 2007, na Tate Modern em 2008 e no Palacio de Cristal de Madrid (organização do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia), em 2014.

Dominique Gonzalez-Foerster, «Splendide Hotel (annexe)», 2015. © Dominique Gonzalez-Foerster. © ADAGP, Paris 2015

A partir de aspectos da memória colectiva, da ficção científica, de referências do cinema, de citações literárias, e estruturas arquitectónicas, compõe um labirinto espácio-temporal que se inicia no passado, em 1887 – uma referência à Construção do Splendide Hotel, que foi ponto de partida da exposição que a artista apresentou no Palácio de Cristal em Madrid – e termina, no futuro, em 2058 – referência a «TH.2058», exposição apresentada na Tate Modern, em 2008, no âmbito do ciclo «The Unilever Series», onde imaginou o futuro em Londres, num estado potencial de catástrofe, onde o museu funcionaria como um abrigo para pessoas e para a sobrevivência de obras de arte e dos últimos resquícios de cultura.

Dominique Gonzalez-Foerster, «Atomic Park», 2004. Filme, 8’14’’. © Dominique Gonzalez-Foerster. © Anna Sanders Films/Camera Lucida Productions/Dominique Gonzalez-Foerster. © ADAGP, Paris 2015

Trata-se simultaneamente de uma viagem ao futuro e ao passado, composta por realidades paralelas que, como vem acontecendo no seu trabalho, tem sempre um carácter muito cenográfico e literário. Dominique Gonzalez-Foerster interessa-se por transferir universos literários para o espaço expositivo e trabalha recorrentemente em colaboração com cenógrafos, escritores e outros artistas, com músicos e cineastas, desenvolvendo uma arte heteróclita, muito expandida a outros autores e a outras áreas, à literatura e à experiência directa do espectador. De facto, a artista considera que a arte é mais intensa como experiência que como imagem.

Dominique Gonzalez-Foerster, «Nos années 70 (chambre)». Ambiente, «RWF», Hohenzollernring 74, Schipper & Krome, (11 - 17 Novembro 11, 1993). © Cortesia da artista e Esther Schipper, Berlim. © ADAGP, Paris 2015

Com curadoria de Emma Lavigne, directora do Centre Pompidou-Metz, esta exposição monográfica da artista decorre da linha de programação do Centre Pompidou dedicada a apresentar exposições retrospectivas de artistas contemporâneos, como Gabriel Orozco, Pierre Huyghe ou Philippe Parreno, com quem tem colaborado em vários projectos.

Dominique Gonzalez-Foerster, «Sans Titre (mm)». Fotografia preparatória, 2015. © Giasco Bertoli e Dominique Gonzalez-Foerster, © ADAGP, Paris 2015


Será lançado um catálogo com muitas participações, entre as quais a do escritor catalão Enrique Vila-Matas, com quem a artista mantém um diálogo e uma admiração recíproca desde 2007. De resto, Enrique Vila-Matas acabou de publicar em Setembro um livro sobre a obra da artista, «Marienbad électrique», que será lançado durante a exposição. SVJ